Uma alma caridosa
Clarice Lispector
A
moça passava pela rua, depressa, emaranhada nos seus pensamentos. Foi
quando seu vestido a reteve: alguma coisa enganchara sua saia. Voltou-se
e viu que se tratava de uma mão pequena e escura. Pertencia a um menino
a que a sujeira dava um tom quente de pele. O menino estava de pé no
degrau da grande confeitaria. Seus olhos, mais do que suas palavras meio
engolidas, informavam a moça de sua paciente aflição. Percebeu
vagamente um pedido antes de compreender seu sentido concreto. Um pouco
aturdida olhava-o, ainda em dúvidas se fora a mão da criança o que lhe
ceifara os pensamentos.
- Um doce, moça, compre um doce para mim.
Ela
acordou finalmente. O que estivera pensando antes de encontrar o
menino? O fato é que o pedido deste pareceu cumular uma lacuna, dar-lhe
uma resposta que podia servir para qualquer pergunta, assim como a chuva
pode matar a sede de quem queria um copo d´água. Sem olhar para os
lados, sem querer espiar as mesas da confeitaria onde seguramente algum
conhecido tomava sorvete, ela entrou, foi ao balcão e disse com dureza
para a caixeira: um doce para o menino. De que tinha ela medo? Não olhava
bem a criança, queria que a cena terminasse logo. Perguntou-lhe: que
doce você... Antes de terminar, o menino disse apontando depressa com o
dedo: aquelezinho ali, com chocolate por cima. Um instante ainda
perplexa, ela se recompôs logo e ordenou à caixeira que o servisse. “Que
outro doce você quer?”, perguntou ao menino. Este que mexendo as mãos e
a boca ainda esperava pelo primeiro, interrompeu-se, olhou-o um
instante e disse com delicadeza, mostrando os dentes: não precisa de
outro não. “Precisa sim”, cortou ela ofegante, empurrando-o para frente.
O menino hesitou e disse: aquele amarelo. Recebeu um doce em cada mão,
levantando as duas acima da cabeça, com medo de apertá-los. Foi sem
olhar para a moça que ele fugiu. A caixeirinha olhava tudo com uma
emoção fixa no rosto.
-
Afinal uma alma caridosa apareceu. Esse menino estava nesta porta há
mais de uma hora, puxando todas as pessoas que passavam, mas ninguém
quis dar.
A
moça foi embora, corada. Inútil querer voltar aos pensamentos
anteriores. Estava cheia de um sentimento de amor e gratidão e, como se
costuma dizer, o sol parecia brilhar com mais força. Ela tivera a
oportunidade de... Para isso fora necessário um menino magro... E que
outros não tivessem dado.
ATIVIDADES
ATIVIDADES
01- Identifique o verbo da oração a seguir e diga em qual voz ele está:
"Ela voltou-se e riu."
02- Indique a predicação verbal dos verbos destacados nas orações:
a) A moça ficou corada.
b) O menino pediu um doce à moça.
c) Ela tivera a oportunidade de dar um doce ao menino.
d)Ela se recompôs logo.
e) A mão da criança ceifara seus pensamentos.
03- Passe as orações para a voz passiva analítica e identifique o agente da passiva:
a) O menino parou a moça na porta da confeitaria.
b) A moça deu os doces ao menino.
c) O menino comeu os doces.
d) A moça atendeu o pedido do menino.
e) A caixeira pegou o doce.
04- Passe as orações da atividade 03 para a voz passiva sintética:
a)
b)
c)
d)
e)
05- Classifique os complementos verbais destacados como: objeto direto ou indireto:
a) O menino pediu um doce à moça.
b) Ela tivera a oportunidade de dar um doce ao menino.
c) A mão da criança ceifara seus pensamentos.
d) Comprou um doce para o menino.
06- Faça um comentário a respeito do sujeito de cada oração:
1ª Há um menino na porta da confeitaria.
2ª O menino pediu um doce à moça que passava.
3ª Elogiaram a atitude caridosa da moça.
Vocês se lembram das nossas conversas na sala de aula?
Nossos balões no quadro para recordarmos conteúdos passados...
Então vamos lá!
*Explique os verbos abundantes e dê um exemplo retirado das atividades anteriores.
*Separe as sílabas das palavras e diga se é um ditongo, tritongo ou um hiato. Justifique.
Ceifara:
Cheia:
Paraguai:
Um bom trabalho e divirtam-se com as atividades, afinal, gente inteligente faz brincando...
Abraço! Gleici
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